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domingo, 6 de abril de 2014

Ceratocone e Lente Escleral

O que era antigo é novo novamente 

Uma visão geral sobre a tecnologia das lentes esclerais



Embora as lentes esclerais proporcionem um conforto inicial excelente, uma acuidade visual muito boa (melhor possível de ser obtida) a segurança da adaptação depende muito do desenho da lente e do caso em particular. Alguns pacientes por um motivo ou outro podem não ser uma boa indicação de lentes esclerais e nestes casos a adaptação de lentes rígidas especiais de boa qualidade e tecnologia são mandatórias para obter a segurança da manutenção do equilíbrio fisiológico corneano ou seja, preservação da saúde fisiológica corneana.

Há uma tendência de se chamar de lente escleral todas as lentes que são maiores do que a córnea, mas não é bem assim. Há uma classificação mais específica que sugere que as lentes que ultrapassam levemente o limbo são chamadas de lentes corneo-esclerais, as que tem diâmetro entre 16 e 17.5 mm são as chamadas semi-esclerais ou mini-esclerais  lentes acima de 18.0 mm estas sim chamadas de "full scleral" ou esclerais. 


Pioneirismo

Lente Escleral SCLERAL BASTOS SB para ceratocone

Sobre as lentes esclerais por volta de 2003, a pedido de meu pai (Dr. Saul Bastos) comecei a pesquisar sobre lentes esclerais, ele estava precisando de soluções alternativas para casos de altíssima complexidade, ceratocones avançados ou deslocados, como pós-transplante de córnea, pós-implante de anel, pós-cirurgia refrativa, entre outros. Estas lentes eram utilizadas no passado mas com muitas limitações uma vez que na época os materiais dos quais estas lentes eram feitas não tinham permeabilidade ao oxigênio. 

Comecei então a estudar sobre o assunto com alguns especialistas nos EUA e Inglaterra que ainda utilizavam estas lentes e também nos inúmeros livros de oftalmologia antigos de meu pai. Na época praticamente nada havia de novo em termos de literatura científica atual sobre o assunto. Na verdade as novas literaturas científicas vem sendo escrita agora, como no capítulo 38 do livro Padrão CG em Lentes de Contato, de Cléber Godinho, Brunno Dantas, Marcelo Sobrinho, Paulo Polisuk et al. Editora Cultura Médica - 2a. Edição 0 2010. Mesmo na literatura científica internacional há ainda uma limitada quantidade de livros tratando sobre o tema, embora já existam várias publicações de artigos sobre o tema, especialmente no exterior.

Em 2004/2005 após meu pai falecer, eu e a equipe do IOSB tivemos que desenvolver novos desenhos de lentes para sobrepor as dificuldades cada vez maiores apresentados por casos como os citados acima. Desenvolvi em 2005 a primeira lente específica para pós-implante de anel, a Ultracone versão PCR (post-corneal ring), a Ultracone versão Advance e Extreme com curvaturas entre 60 e 78 dioptrias. Nesta época também recebemos alguns protótipos de materiais de diâmetros maiores (esclerais) permeáveis ao oxigênio e iniciamos um estudo em parceria com a Ultralentes para desenvolver os primeiros protótipos destas lentes no Brasil. O Dr. Marcelo Bittencourt, a Dra. Juliana Pozza e eu fizemos os primeiros testes em pacientes somente no final de 2007, comparando com lentes que consegui nos EUA pois eles já estavam começando a fabricar estas lentes. com os novos materiais. Em Julho de 2009, após as conclusões de que as lentes eram seguras e que funcionavam bem a Ultralentes finalmente oficializou a fabricação destas lentes divulgando-as para oftalmologistas credenciados, aos poucos alguns oftalmologistas credenciados começaram a adaptar as mesmas.

É importante mencionar que as lentes fabricadas pela Ultralentes são todas resultado de uma orientação
totalmente voltada a pesquisa e desenvolvimento científico de soluções em lentes especiais que ofereçam ao oftalmologista lentes de alta qualidade e desempenho. Os pacientes adaptados com estas lentes tem a segurança de estarem com uma das melhores lentes especiais disponíveis no mundo, com a garantia de mais de quatro décadas de estudo e aprimoramento nos EUA e Europa. As lentes fabricadas pela Ultralentes são desenvolvidas pelo próprio laboratório e superam em larga distância em termos de resultado, o que é testemunhado por quem tem a oportunidade de testá-las.


Imagem tomográfica de teste da LC Escleral em Ceratocone (Cortesia IOSB)


Atualmente a Ultralentes possui dois desenhos de lentes esclerais que possibilitam ao oftalmologista encontrar a que melhor irá contornar a córnea sem tocá-la ou sem gerar áreas de afastamento excessivo da córnea o que gera alguns problemas. Lentes esclerais devem ficar rente a córnea mas não devem promover toque na córnea ou no limbo para preservar a integridade fisiológica corneana. A tecnologia da Ultralentes tem sido notada e reconhecida não somente no Brasil mas como internacionalmente, em parte a alguns artigos meus publicados na revista Contact Lens Spectrum Magazine sobre tecnologia em lentes especiais para a reabilitação visual.


Técnica de Adaptação

Imagem tomográfica em perfil de LC escleral em ceratocone (cortesia IOSB)
Como se trata de uma tecnologia antiga mas renovada com materiais e desenhos ultramodernos há uma dificuldade inicial para quem não tem experiência. São necessários alguns conhecimentos novos pois se trata de uma lente que deve contornar a córnea em sua totalidade sem tocá-la e repousar suavemente na esclera (parte branca dos olhos) sem pressionar os vasos adjacentes. Para iniciar estas adaptações é necessário primeiro estudar, assistir aulas sobre a técnica e receber treinamento adequado, se não há a possibilidade de complicações (que já ocorrem) devido a adaptações mal sucedidas ou mal planejadas. Esta é a principal razão pela qual ainda poucos oftalmologistas dispõem destas lentes como alternativa para seus pacientes. Não sei se todos os oftalmologistas que adaptam lentes tem conhecimento dela, há muitos casos de clínicas nas quais o médico tem uma pessoa chamada contatóloga que faz testes de lentes e depois ele somente revisa o caso. A maior parte dos especialistas adaptam lentes gelatinosas por serem mais fáceis mas estas lentes não funcionam bem ou não são indicadas em casos como estas previamente citados no primeiro parágrafo.


Indicações de Lentes Esclerais

Embora a maior parte dos casos sendo adaptados com lentes esclerais sejam os casos de ceratocone, de pós-implante de anel e de pós-transplante de córnea, as lentes esclerais tem uma ótima indicação em outras patologias da córnea, como sequelas de cirurgias (refrativas ou não), degeneração marginal pelúcida (DMP), afacia, pós-trauma (acidentados, pós-queimaduras químicas ou radioativas), olho seco evaporativo, Síndrome de Sjrögen, Síndrome de Steven Johnson, entre outros. Há também uma indicação de adaptação em pacientes com córneas regulares em casos de miopia e hipermetropias (elevados ou não) com astigmatismo. As lentes esclerais corrigem bem o astigmatismo corneano anterior, entretanto há casos onde pode ocorrer o que é chamado de astigmatismo residual e este aí poderá ser corrigido com óculos (geralmente o residual é baixo e a lente do óculos será leve e fina).


Lente Scleral Bastos de diâmetro 19.5 mm. (Ultralentes)


Disponibilidade

A Ultralentes atualmente faz um processo seletivo para credenciar os oftalmologistas que desejam adaptar as lentes Scleral Bastos, é uma maneira de assegurar que a alta qualidade e a tecnologia destas lentes sejam melhor aproveitadas e a Ultralentes preserva seu nome como um dos melhores fabricantes de lentes rígidas especiais e lentes esclerais existentes no mundo. Para saber quem adapta as lentes SB tem que entrar em contato com a Ultralentes no website oficial.

A disponibilidade destas lentes vem aumentando na medida em que outros fabricantes também estão desenvolvendo suas versões e não tendo uma política mais seletiva para quem irá adaptar suas lentes está aumentando a disponibilidade destas lentes para mais especialistas e assim mais pacientes podem ser adaptados.

Infelizmente dado ao alto custo destas lentes, sua complexidade e pelo maior tempo requerido para exame e avaliação de adaptação, estas lentes geralmente estão disponíveis somente em clínicas privadas especializadas. Os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) não contam, até onde sei, com estas lentes para os portadores da patologia do ceratocone e nem mesmo para transplantados de córnea ou outras patologias em que estas lentes são bem indicadas. Este é um assunto delicado e que irrita a todos nós Brasileiros que pagamos altos impostos, a saúde pública vai de mal a pior e somente vem piorando nos últimos anos. Quanto mais pagamos impostos menos temos retorno, mas este não é o objeto deste texto. O paciente que tiver dificuldades em adaptação de lentes especiais não precisa, em muitos casos, recorrer a lentes esclerais. Há milhares de casos de pacientes com ceratocone que não se adaptaram com lentes rígidas que foram bem adaptados com as lentes Ultracone através dos oftalmologistas credenciados. Em alguns casos sim, por um motivo ou outro, geralmente devido a complexidade do caso a lente escleral pode ser uma excelente alternativa para os pacientes, mas não esperem encontrar lentes esclerais a preço de lentes gelatinosas e lembre-se de que tudo que pagamos no dia-a-dia tem embutido um percentual signficativo de imposto, sim, até mesmo para produtos relacionados a saúde.


Prognóstico

Com o aumento da disponibilidade das lentes esclerais de diferentes marcas no mercado é possível que ocorra a mesma situação que ocorre geralmente com lentes rígidas. Em alguns casos o paciente inicialmente ficará encantado com o conforto e a visão mas poderá ter complicações (não sérias) eventualmente e ter que suspender o uso. Já temos observado isso em alguns pacientes que vem ao IOSB para readaptação, houve dificuldades em acertar a adaptação ou o paciente desenvolveu uma intolerância, vermelhidão ou a lente pressiona demais a conjuntiva e esclera, além de outros problemas decorrentes do uso de lentes que estavam inadequadas pelo desenho ou pelo mal planejamento da adaptação.

Conversando com alguns oftalmologistas em congressos recentes chegamos a mesma conclusão, quanto maior o número de especialistas adaptando lentes esclerais maior será o número de pacientes beneficiados por estas lentes mas as complicações desde as pequenas até as mais sérias irão aumentar proporcionalmente, por essa razão é importante que o médico tenha treinamento e conhecimento adequados e o paciente deve procurar os especialistas mais experientes nesta técnica. Neste último quesito a Ultralentes é muito séria em relação ao credenciamento e treinamento do oftalmologista para adaptar as lentes Scleral Bastos (SB).


O que vem por aí?

A Ultralentes patrocinou em 2012 o primeiro Curso Avançado Saul Bastos de Lentes de Contato Especiais promovido e organizado pelo Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos (IOSB), com o apoio de outras empresas como a Contamac, Paragon Vision Sciences e a Lifestyle (EUA). Este ano estamos planejando a reedição do curso para 2014/2015 (ainda não se decidiu a data). Com o advento da Copa do Mundo de Futebol e devido a extensa agenda de congressos de oftalmologia no Brasil esta tarefa não é nada fácil. Estes cursos visam a preparação e treinamento do profissional médico para estas adaptações de alta complexidade, especialmente em ceratocone e com lentes rígidas especiais e esclerais. Desta maneira iremos focar no sentido de darmos uma projeção maior a disponibilidade de mais médicos em outros estados adaptarem a nossa extensa gama de produtos de alta qualidade e tecnologia em benefício de milhares de pacientes que sofrem com tentativas de adaptação de lentes frustadas, tratamentos que não tiveram o resultado esperado e principalmente, devolver uma melhor qualidade de visão e de vida a estas pessoas, com conforto, visão e saúde.

Luciano Bastos
Diretor & Consultor em LC Especiais - Ultralentes
Diretor & Instrutor Clínico de LC Especiais - IOSB