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sábado, 28 de agosto de 2010

LENTES DE CONTATO RÍGIDAS GÁS PERMEÁVEIS NO FRIO

Um estudo realizado no Departamento de Oftalmologia, Unidade de Lentes de Contato e Visão Subnormal do Royal Victoria Hospital/Queen's University em Belfast, Norte da Irlanda (Reino Unido) apresentou um trabalho no final de 2009 mostrando que as lentes RGPs podem ter um efeito de maior facilidade de quebra no manuseio de suas lentes quando expostas a baixas temperaturas.

Embora o estudo tenha mostrado que as lentes RGPs "congelam" entre 0 e -7° centigrados e ficam mais susceptíveis a quebra aguda, ficou evidenciado que temperaturas baixas e armazenagem das lentes em algum tipo de solução aumentam as chances de quebra das lentes a temperaturas baixas e que não precisa ser necessariamente abaixo de 0 graus. As lentes RGPs armazenadas em solução própria para lentes, expostas a temperaturas muito baixas podem facilitar a quebra aguda em até 85%.

Os testes foram realizados com lentes de DK (coeficiente de gas permeabilidade) entre 30 e 150, ou seja de DKs baixos a altíssimo. O grau das lentes testadas foi de -2.00 dioptrias o que significa que estas lentes devido ao poder dióptrico relativamente baixo tinham espessura central maior (em torno de 0.16 mm a 0.20 mm.) que as lentes de graus mais elevados onde a espessura central pode chegar a 0.11 mm. Isso significa que as lentes testadas tinham uma espessura maior e assim oferecem mais resistência a quebra, mas ao chegar a temperatura 0° a -7.00 C a quebra foi significativamente maior.

Podemos concluir que as lentes com poderes mais negativos do que -5.50 dioptrias e que possuem a espessura central menor, chegando em alguns casos a 0.11 mm., terão maiores riscos ainda de quebra instantânea aguda no manuseio, especialmente se estiverem acondicionadas em solução própria e com menor risco se forem acondicionadas secas no estojo. 

Esse estudo mostra que as recentes temperaturas extremamente baixas nas regiões sul e sudeste do Brasil neste inverno de 2010 possam ser a razão de alguns pacientes relatarem que sua lente quebrou "do nada" enquanto estavam fazendo a sua limpeza ou manutenção. Os materiais ficam mais suceptíveis de quebra devido a propriedade de contração dos polímeros (materia-prima) da lente de contato, tornando-as mais frágeis quando expostas a baixas temperaturas, especialmente se acondicionadas em solução própria.

As lentes RGPs (rígidas gás permeáveis ou simplesmente gás permeáveis) são sensíveis a diferentes tipos de estresse, como pressão, exposição a solventes ou produtos com Ph elevado, calor, atrito, peso e agora sabemos que o frio também é um fator de estresse destes materiais, independente da qualidade da matéria-prima e do desenho da lente, embora quando maior for a espessura da lente mais estresse é necessário (quantidade ou tempo de exposição) para que algum tipo de efeito seja sentido pelo material e possa refletir em alterações importantes. 

Lembro de ter colaborado com meu pai, o Dr. Saul Bastos em um congresso de oftalmologia na década de 90 em um trabalho no qual apresentamos os fatores que poderiam causar estresse e alterações nas lentes de contato, alterações como empenamento, defeitos na qualidade óptica (aberrações ópticas) entre outros efeitos, mas na época não incluimos o fator temperaturas extremamente baixas como uma das possíveis causas. Naturalmente que até então os materiais utilizados provavelmente tinham maior conteúdo de acrílico que costuma ser mais resistente que os demais polímeros utilizados na fabricação de lentes RGPs. Nesta última década o frio especialmente na região sul do Brasil foi extenso e muitas vezes com temperaturas próximas de zero, o que nos faz compreender hoje com este estudo que essa é provavelmente a razão de um maior número de relatos de quebra "do nada" (instantâneas) de lentes RGPs nestes últimos meses de Maio e Agosto de 2010.

Os efeitos do estresse na lente de contato geralmente não são fortes o suficiente para modificar os parâmetros a ponto de danificar e comprometer a sua estrutura e desempenho pois os materiais de lentes RGPs atuais tem uma boa "memória" física, retornando a sua pré-condição assim que o estresse for interrompido, no entanto a repetição constante ou a exposição por tempo prolongado a um fator de estresse pode comprometer a qualidade e inutilizar uma lente RGP de maneira que tenha que ser substituída.

É importante observar que esse fenômeno ocorre especialmente com a lente acondicionada no estojo e submersa em solução aquosa (própria para conservação) e não com o paciente utilizando a mesma. Isso se explica pelo fato de que a lente em contato com a córnea não sofre tanto a ação do frio por estar recebendo calor dos olhos do paciente e que como piscamos milhares de vezes por dia (sem percebermos) a lente é constantemente aquecida e pela córnea e pela pálpebra superior que também funciona como uma espécie de "limpador de parabrisa" no piscar.

A recomendação neste caso é que o paciente usuário de lentes RGPs acondicione suas lentes secas no estojo durante os meses de inverno com temperauras muito baixas e se for utilizar água corrente para enxaguar suas lentes de algum produto utilizado que a água seja aquecida (aquecimento a gás ou elétrico por ex) e somente depois utilize o produto indicado pelo oftalmologista para inserir suas lentes RGPs.

Luciano Bastos
Diretor & Consultor Especializado em LC RGPs Especiais - Ultralentes
Diretor & Instrutor Clínico de LC Especiais IOSB - www.iosb.com.br